quinta-feira, 18 de abril de 2013


HOMEM COMO NÓS

Elias foi uma figura muito destacada na Bíblia, um profeta como poucos, já que realizou grandes feitos. Ele multiplicou o trigo e o azeite de uma viúva e posteriormente ressuscitou seu filho (1 Re 17. 8 – 24), desafiou 450 profetas de Baal e com a sua oração fez com que caísse fogo do céu e findasse uma seca (1 Re 18). Realmente um homem notável.

No entanto, em um momento Elias sentiu medo, ficou deprimido e se sentiu só (I Re 19). Isso revela que mesmo homens com grande fé estão sujeitos a fraquejar em sua caminhada, não estão isentos às sensações humanas. E não há nada de desonroso ou que os tornem menores nisso, pois esses momentos são naturais aos que são humanos. Até o próprio Deus, ao assumir a forma humana em Cristo, sentiu grande angústia, ao ponto de suar gotas de sangue (Lc. 22.44).

Nos momentos de angústia, tribulação, dificuldades, situações contrárias em nossas vidas, não devemos nos sentir menores, caso venhamos a nos angustiar, nos entristecer ou deprimir. Existirão momentos em que acharemos que tudo foi em vão, que a vida não valeu a pena. Isso é normal, faz parte de nossa humanidade após duros golpes da vida.

A única coisa que devemos entender é que, assim como aconteceu com Elias, Deus se importa conosco e quer nos tirar dessa prostração. Para tal Ele pode usar outras pessoas que nos trarão palavras de ânimos, algumas até que não gostaríamos de ouvir, mas que nos impulsionarão a saímos da caverna (do isolamento) e apontarão para novos rumos na caminhada.

Podemos sim fraquejar, só não podemos permanecer lá, pois, longa ou curta, temos uma vida para viver e outras pessoas dependem de nós. No mais, se não estamos passando por dificuldades, devemos fortalecer a quem necessita, pois esta é a dinâmica a fé: “Um ao outro ajudou e ao seu próximo disse: sê forte.” (Is. 41.6).

Que Deus nos abençoe!

Lídice Domingos

sábado, 12 de janeiro de 2013

PRÓDIGO OU FALSO MORALISTA...TODOS DESPREZAM O PAI.



 Na Bíblia, em Lucas 15:11-32, está relatada a parábola do filho pródigo. Essa parábola ouvi inúmeras vezes e de diferente forma, mas um dia ela soou em meus ouvidos de um modo diferenciado. A parábola é bastante conhecida e podemos visualizar e evidenciar certas atitudes e comportamentos de seus personagens.
O PRÓDIGO: É fato que o filho pródigo agiu de forma leviana e temerária, além de demasiadamente agressiva, posto que fazer um pedido antecipado da herança é dizer com todas as letras que gostaria de ver o pai morto (por não acontecer e não aguentar mais esperar, quer antecipar), todavia suas ações  refletem bem mais:
- Ele quis tomar o controle de sua vida, acreditando saber gerir melhor tudo sozinho;
- o seu querer viver dissolutamente diz respeito ao fato de não enxergar que as coisas são perecíveis;
- em virtude de suas escolhas chegou ao fundo do poço da existência, ao momento mais triste de sua vida. Ironicamente o mal que mais temia (viver uma vida medíocre – pois era o que achava que vivia com o pai) lhe sobreveio;
- desde o início sua vida foi recheada de insatisfação e, consequentemente, infelicidades.
Não é difícil visualizarmos esse quadro, onde um egoísmo camuflado se reflete na insatisfação com a vida e com o que se tem nela. São pessoas que se julgam autossuficientes, achando-se capazes de gerir a própria vida e que são senhores dos seus destinos e escolhas. Assim, desprezam a religião (falo do religare) evitando qualquer tipo de entrega a Deus, mesmo que tenha que vir a afirmar Sua inexistência. Contudo, a cada dia a sua humanidade os leva a más escolhas que os afundam cada vez mais, fazendo-os chegar aos lugares áridos dos quais sempre fugiram. A vida passa a ser uma constante luta, sem êxito, pela mudança interna e externa, pela solução de coisas que só em Um poderia ser encontrada a cura, a solução, a luz.

O FALSO MORALISTA: Chamo assim o filho mais velho que procurava seguir sua vida dentro de uma suposta obediência ao pai, todavia a partir e um falso senso do que é justo e bom. É fato que durante uma leitura mais apurada percebemos o seguinte:
- Uma pessoa temperamental e iracunda;
- particularmente se achava bom demais, possuidor de uma moral irrepreensível;
- tem uma facilidade para apontar o erro alheio;
- em sua vida regrada acumula a visão de servo;
- não tem misericórdia para com os outros;
- a verdadeira alegria foge-lhe dos lábios, não há em si um bom humor.
Também não seria estranha a nós essa posição. São pessoas envolvidas em uma “religião” (ponho entre aspas por fugir do que seja religare). A religiosidade os coloca em uma posição de superioridade diante dos demais, não compreende a Graça de Deus e não pratica a misericórdia com seus irmãos. No seu íntimo desejam o mal, se iram, perseguem e apontam a falha de qualquer pessoa, com o fim de se autopromoverem, indo de encontro a tudo aquilo que dizem ser. Existe um falso senso de justiça atrelado a seguir regras e fazer ações desvinculadas do amor, que dá sentido e propósito para tudo, e findam em atitudes e vidas vazias por não encontrarem dentro de si algo genuíno. Esquecem de que neste mundo não há um justo sequer e que todos nós pecamos e carecemos da Graça Divina (Romanos 3.10 e 23). Ainda, podem ser aqueles que sempre declaram que Deus esqueceu delas e nunca conseguem enxergar o carinho, a proteção e o provimento dados pelo Senhor.

O PAI: sempre age de modo amoroso e incondicional. Sempre tenta resgatar em seus filhos o real sentido de viver, procurando mostrar que ao seu lado, nos seus conselhos, poderão encontrar um norte para o caminhar que possa levá-los a caminhos eternos. Em sua vontade de refazer e reconstruir procura:
Para com o filho prodigo – Mostrar o amor incondicional que despreza a ação agressiva e mesquinha e lhe apresenta o perdão e a reconciliação, com o fim de que suas atitudes passem a ser diversas das anteriormente praticadas.
Para com o filho mais velho – Procura demonstrar que sempre o seu amor esteve para ele, mas que precisa modificar sua visão de servo (obediência às regras sem amor) para que enxergar isso, para tal lhe mostra o perdão e a misericórdia.

A história finda nesse ponto e não sabemos se após a ação paterna efetivamente os filhos mudaram as suas condutas. Talvez essa deva ser uma pergunta dirigida a nós, pois sempre podemos nos encontrar em um desses extremos ou irmos de um a outro.
Pesarosamente afirmo que qualquer desses extremo é uma negação ao Pai, seja realizada deliberadamente, na anciã de ser o seu próprio centro, seja na recusa de ser um filho, assumindo apenas uma relação institucionalizada. Sempre que nos esvaziarmos do amor recebido de Deus, nos encontraremos em situação de negação a Ele.
Importante é nos reconhecermos carecedores de dEle e nos lançarmos em Seus braços, que nos convida constantemente para o novo, só assim conseguiremos encontrar em nós a felicidade e caminhar em novidade de vida.