sexta-feira, 31 de julho de 2020

O QUE É O TEMPO


Tempo. Ah, tempo!
Poderia defini-lo pelo dicionário, mas não encontro eficácia nas suas várias definições.
O tempo para mim foi modificado e continuamente tem tomado novos contornos, desfazendo a exatidão do que seja dia, horas, minutos e segundos.
O tempo vem se transmutando. Torna-se aliado e logo em seguida um algoz, traz-me alento e em seguida saudade. Ele passou a ser volátil desde o momento em que te achegaste a mim.
Sim, ele se modificou com tua presença, pois é através de ti que o tenho enxergado. E por ti vou determinando a sua significação.
Se olho o tempo passado, ele foi um aprendizado e uma cura.
Se miro o momento em que te encontrei, passa a ser um mistério.
Se quero percebê-lo nos momentos em que tenho para estar contigo, assemelha-se a um vento veloz que leva consigo as horas e nos deixa perplexos pelo que levou.
Porém se apenas me vejo em tua companhia, ele se perde e nos leva a crer que inexiste qualquer contagem, arrastando também a essa inexistência o mundo que está lá fora.
Por outro lado, quando distante de ti esse vem a se tornar longevo, como se acrescesse maior volume a si, provocando-me grande tortura por tua ausência.
Oh! Como tem sido dolorosa essa volatilidade. Ainda que permita boas sensações, sempre deixa em suspenso a possibilidade de uma dor.
Mas existe uma forma de estabilizar o tempo. Um modo para fazer com que ele retorne à definição comum, à exatidão dos dias, ao cronológico contar das horas, minutos e segundo. Um ato que em  um momento fará com que todos os outros se tornem iguais.
A partir de então não importará o espaço, a distância, as horas ou qualquer outra variável, pois quando nos fundirmos em um...
Sim, meu amado, no momento em que resolvermos ser como um só, o tempo passará a correr como deve, pois se tornará obsoleto significá-lo por ti, pois tu estarás em mim.
E assim, seguiremos contando nossos anos, vivendo nossos dias, aproveitando nossas horas, sabendo que o tempo...
...Ah! O tempo é só o tempo.

sábado, 9 de julho de 2016

Saindo da rota da idiotice.

Passei tanto tempo sem escrever, porém não sem sentir. Ainda continuo com pensamentos entre a razão e a emoção em tudo que faço ou vivencio. Isso tem sido confuso por inúmeras vezes, pois conciliar coisas tão distintas é bem difícil e acabo percebendo que deixo de viver. Isso mesmo, simples assim, deixo de viver daquele modo gostoso e despreocupado, deixando rolar o que tenha que ser e não me preocupando com o que não foi.
A sexta (08/07/16) foi um tanto quanto estranha. Cheguei do trabalho, passei no sushi, trouxe para casa e fiquei sozinha assistindo filme, olhando a internet sem ter muito o que fazer. Isso tudo começou a me angustiar, pois poderia estar passeando, conhecendo pessoas etc, mas não...estava como sempre, só. Não demorou muito para que a tristeza me envolvesse...ela sempre quer abraçar quem vive pensando muito e já sentiu o toque da angústia.
Depois liguei para uma amiga e comecei a comentar sobre estar cansada de desencontros. Sim...desencontros. Sempre que chego perto de alguém ou alguém chega perto de mim, tudo começa tão lindinho, mas sempre algo atrapalha o meio de campo, então sempre há o desencontro, no lugar do encontro, de se conhecer um ao outro. Engraçado que voltei a assistir o filme e uma das personagens falava algo exatamente igual.
Bem, não importa. Sei que certas experiências não são agradáveis, mas ponderando todas essas coisas, chego a conclusão de que estou sendo bastante idiota e os motivos são vários. É idiota na forma de agir, em me importar tanto com certas situações, em tentar sempre me justificar, em querer fazer com que me compreendam e até que me amem e aceitem.
Então, analisando, não tenho que estar reclamando da vida, senão não poderei vivê-la. Por outro lado, de que vai adiantar desabafar com algumas outras pessoas, ninguém nunca saberá o quanto o sapato aperta seu calo, embora algumas sejam atenciosas o suficiente para tentar ter uma noção. No entanto, a grande massa não está interessada nos seus problemas, na sua solidão, no seu jeito desajeitado etc. E foi aí que lembrei de algo tão simples: só eu posso fazer a opção por mudar.
Sei que esse período de adaptação a viver só e estar sem minha mãezinha tem me deixado um pouco tagarela, porém preciso voltar a ser "mais ouvidos e menos boca". Eu me importo com as pessoas e isso basta, não posso exigir delas o mesmo. Também, não creio que me adeque ao estilo contemporâneo de vida, onde se vale o que se tem ou o que se oferece. 
Em suma, se temos que fazer uma limonada da vida, tenho que começar fazendo da solidão a minha aliada. Se acredito que sempre há algo bom em tudo, não será diferente com o fato de estar só. Talvez esteja sendo poupada de alguns dissabores e, embora a companhia proporcione vivências mil, enquanto estou só, não posso deixar passar a oportunidade de ter experiências em minha própria companhia. Assim, que eu assuma ser feliz de qualquer jeito!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

MINHA PRINCESA, MINHA MÃEZINHA.



Ontem, eu estava segurando em sua mão enquanto ela partia. Minha mãezinha estava nos deixando para estar em um lugar melhor. Ora, o que falar sobre esse momento? Iria falar do período de quase um mês de dor e sofrimento no hospital? Não, certamente que não.
Meu coração se enche de uma alegria e de uma paz louca, que poucos compreenderão. Deus fez o milagre de vivermos esses quatro anos, após o tratamento do câncer de mama, com muita alegria e bem. A metástase cerebral se manifestou apenas no último momento...que maravilha. Minha mãezinha pôde viver e curtir bem esses quatro anos.
Muita alegria...e falo assim, sempre em alegria, pois ela só passava isso, com aquele seu sorriso tímido e terno. Tão simples, tão quieta, mas sempre me ensinou valores preciosos, mas não apenas verbalizando, com o seu exemplo. Apaziguadora, forte, confiante, cheia de esperança e fé ela sempre viveu assim. Quantos carinhos e manhas recebi...cafunés, éramos uma mãezinha da outra. Só um louco para não gostar dela. As crianças, então, adoravam, pois ela tinha um coração de criança e aproveitava para brincar e interagir com elas de tal modo que só se via muito amor.
Nossa, se eu, mãezinha, conseguir viver com um pouco da doçura que a senhora mantinha mesmo após tantas dores e sofrimentos, eu sei que viverei bem e feliz. Se eu conseguir perdoar como a senhora sempre fez...não haverá trevas em meus caminhos. Se eu apaziguar meus ânimos e dos que estão ao meu redor como sempre a senhora agiu...terei dias sossegados e seguros.
É fato que eu queria te ter ainda aqui comigo, ao meu lado, viver mais anos juntas, mas eu te curti bem...eu, ainda que com tantas falhas, estive sempre contigo. Não me sinto em falta, pois te amei. E o mais interessante disso tudo é que, Deus me permitiu cuidar de você de modo especial. Eu sentia falta de entender o amor que uma mãe sente por um filho, para compreender e ser melhor filha para você, mas Deus me fez sentir isso e eu pude sim saber o quanto eu faria por você, o quanto doaria para te ver feliz, o quanto abriria mão para não te ver sofrer.
Foi por isso que, nos últimos momentos juntas, eu abri mão de te ter comigo para te entregar ao Pai, na certeza de estarias melhor, feliz, bem, sem dor, sem sofrimento, sem angústias, sem frustrações ou choro. A proposta dEle foi tão melhor que não pensei muito. E, em dado momento de angústia, ao te ver ali em sofrimento, inconsciente, sem interagir, eu orava e dizia: Senhor, tenha misericórdia, pois ela nem está comigo, nem está contigo neste momento. E Ele ouviu e fez o melhor...e eu, preferi assumir o ônus da saudade por te amar demais.
Então, assim, curta a sua eternidade...feliz ao lado de Deus, pois sei que minha vida estará também nas mãos dEle e ele cuidará de mim, como sempre cuidou de ti. Saiba que não sinto dor, pois não se pode senti-la quando entregamos, verdadeiramente, alguém a Deus. E não sei foi por ser tua filha coruja, mas até ali, na matéria gelada, estavas linda, irradiando paz e serenidade, uma verdadeira princesa. Amo-te para sempre, mãezinha, com a certeza que te verei novamente, linda, feliz, sorridente.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Não somos ilhas

No dia 9 (nove) de outubro de 2015 tive um dia diferente, que fora planejado com antecedência. Este dia foi o meu aniversário de 37 anos...sério...37 (trinta e sete) anos. No fundo eu estava saturada de tudo, vida corrida, período de estresse, sentimentos confusos...resolvi fazer desse dia o meu dia, onde eu pudesse dividi-lo apenas comigo mesma.
Foi assim que eu parti para um dia (de aniversário) isolada e longe dos que convivem comigo. Foi interessante, não posso negar. Acordei longe de todos, ninguém para me parabenizar, ninguém para falar comigo. Acordei como quis. Fui à praia sozinha, caminhei sozinha, assisti a filmes sozinha, comi sozinha...estive apenas comigo.
Dia 10 (dez), voltei para casa com a sensação de que recorri muitas vezes ao aconchego divino, quando eu quis estar só, meditei muito nisso. No dia 11 (onze), estava em casa assistindo ao filme "Amor sem escalas" e fui surpreendida com a resposta de George Clooney ao ser indagado sobre qual o sentido de estar casado: "nos seus momentos felizes você está só ou acompanhado?"
Hoje, dia 12 (doze) de outubro de 2015 parti para um desafio: dirigir quase 60 km para ir a uma praia do litoral pernambucano. Foram dois carros e sete pessoas. Tive que compartilhar espaço e tempo com parentes, amigas...irmã. Certamente, tive que compreender, dividir, compartilhar, mas obtive um dos melhores momentos em minha vida. Foram muitas risadas, curtidas, fotos, brincadeiras e vida. Desse momento faço um link com a resposta em forma de pergunta de Clooney. É fato que a felicidade é interna, está dentro de nós, reflete contentamento e sabedoria. Também, é fato que não devemos colocar em ninguém a razão da nossa felicidade...no entanto, quando se fala de momentos, embora nos sintamos bem fazendo coisas a sós, muitos momentos felizes nascem do tempo que compartilhamos com alguém.
Isso tudo só me fez pensar no seguinte: não deveríamos viver como ilhas, isolados, mas deveríamos viver como pontes, nos ligando a outras pessoas. Sei bem que qualquer relação não é fácil, mas se aventurar nisso pode render bons e belos momentos felizes.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

"Sei que minhas qualidades cobrem meus defeitos..."

A frase do título é um trecho de uma música de Paulo Sérgio (Minhas qualidades, meus defeitos). Surgiu na minha mente, por causa das diversas situações presenciadas e vividas. 
Se relacionar com pessoas é algo interessante. Costumo dizer que depois da década de 90, as pessoas passaram a não ter mais inteligência emocional, não sabem mais ouvir um não, não suportam que as coisas ocorram de modo diverso do que queiram e tudo sempre tem um olhar negativo.
Quando se fala em relacionamentos que envolvem o coração...aí que o negócio fica mais picante...kkkkkk. A situação, hoje, está mais complicada ainda, observemos o contexto: são muitas mulheres para pouquíssimos homens, muita liberdade sexual, enfim...muita oferta feminina e pouca procura masculina.
Certo, mas onde quero chegar? Não tem sido raro ver mulheres lindas, inteligentes, interessantes, com estabilidade financeira e de qualidades honrosas solitárias e sofrendo por homens que constantemente as colocam para baixo. Não estou dizendo que as mulheres são as melhores da espécie humana, de modo algum. Apenas, no desajuste emocional geral, péssimas mulheres usam e maltratam homens e péssimos homens usam e maltratam mulheres...e nesse meio, muitas pessoas boas acabam sofrendo.
Essas mulheres sofrem...muito. São tachadas de problemáticas, burras, atraso de vida, complicadas etc. E sabe o que elas fazem, o melhor a cada dia. Só que não adianta, por mais que tentem, elas sofrem uma agressão psíquica forte, mantendo-as numa situação de inferioridade e de dependência desses homens difícil de explicar. Elas possuem conhecimento da verdade de que não são tudo que dizem sobre si, porém não conseguem se libertar dessa dependência e dessa relação depreciativa. É um querer fazer mais e melhor para ver se um dia ouvem algo bom e agradável dos lábios acusador. Puxa...quanta dor. Nesse momento o amor próprio tem que ressurgir. Mulher, você tem valor!
Além de ver o que acontece com amigas próximas, sei bem o que é isso e Paulo Sérgio me ajuda a dizer que minhas qualidades cobrem meus defeitos. Não sou perfeita (e sempre estarei longe disso), mas sou uma boa pessoa e com intenção de fazer bem quem estiver por perto. Então, se alguém não consegue ver minhas qualidades, porque ficar perto? Quero mais é estar perto de alguém que, embora conheça meus defeitos, reconheça que minhas qualidades são maiores e suplantam o incômodo dos defeitinhos. E tenho certeza que, para esse caso, valerá a pena procurar ser melhor ainda.
No mais, o meu convite é para uma revolução no estilo Paulo Sérgio, se valorizar, ter certeza do que é e pronto. Venham comigo, meninas e que estejamos perto de quem nos faça melhor.

sábado, 26 de julho de 2014

O mar está tão longe e no entanto está tão perto.

Hoje sou emoção e o sentimento que tenho está claramente descrito nesta música interpretada por Zizi Possi. Calo as palavras para senti-la:


                    E CHIOVE

Comm'è stretta 'sta via
À 'ggente nun ce cape
Se fa 'na prucessione
Ca cammina chianu chianu
Nun è morto nisciuno
Num è 'o santo e nisciuno
Nun se sente na voce
E nun sona na campana
E intanto 'o core aspetta
Ca s'arapene 'e funtane
E chiove, n'capo 'e criature
Vulesse arravuglià 'sta luna cu 'na funa
Pe m'a purtà luntano
Pe m'a purtà luntano
Addo''o cielo che è cielo
Nun se fai mai scuro
E chiove, n'terra e nisciuno
Vulesse cummanà pe' spremmere e dulure
Dinto a 'stu ciummo amaro
Ca nun conosce 'o mare
Pecchè 'o mare è luntano eppure sta vicine
Ritornello
Comm'è llonga 'sta via
Pecchè nun sponta mai
Se perde dint' 'e 'pprete
'mmiezo 'e carte arravugliate
Sotto 'a l'evera 'e muro
Ca s'arrampeca e 'ggiura
'e jastemme de'journe
'e serate senza pane
E intanto 'o cuore aspetta
Ca s'arapene 'e funtane
E chiove, n'capo 'e criature...

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Quero eternizar a minha saudade.

Hoje aprouve ao nosso bom Deus tomar para si uma grande amiga, a quem eu admirava e respeitava, não só pela sua experiência e vivência no trabalho, mas também pela pessoa que mostrou ser.
Maria Elizabeth foi a primeira pessoa a quem me apresentei no meu primeiro dia de trabalho (lembro como hoje). Não lembro de quase nada do que ela me falou, mas uma coisa gravei bem, ela disse que não iria me dar muita atenção, pois estava para ir à diálise e me apresentou a Isabella (que foi a animação em pessoa).
Nossa, eu havia gostado daquela pessoa tão séria, mas que havia demonstrado gentileza ao me receber. Logo eu que chegara tão acuada e quase não falava. Nos dias que seguiram ela me acompanhou, demandou algumas atividades e teve paciência para me ensinar sobre o universo dos Juizados Especiais.
Não foi difícil eu me pegar admirando o seu empenho no trabalho, seu compromisso e seu conhecimento. Era realmente um patrimônio vivo do TJPE, na Coordenadoria dos Juizados Especiais, tombada para "ad infinitum" viver ali como Supervisora Técnica. Isso mesmo, não tinha como não ter segurança quando ela estava por perto, fazendo os mutirões, cobrando as estatísticas, tratando os mais diversos assuntos e gerenciando tudo ao redor.
Sempre dizemos que na esfera laboral não há ninguém insubstituível, não irei desmentir, pode ser que realmente ninguém seja insubstituível, mas Beth se fez necessária.
Só que Beth era mais. Tive a grata oportunidade de a conhecer além do ambiente de trabalho e fiquei igualmente encantada. Bethinha foi uma das poucas pessoas que vi na vida com uma disposição de se importar genuinamente com o próximo, passei a me sentir cuidada por ela. Com sua família era a mesma coisa. Beth passou a ser sinônimo de perseverança, força, luta, cuidado, dedicação e alegria também, pois nunca viveu reclamando da vida, por mais dura que fosse.
Ela tinha esse gênio forte para lutar, bem verdade que por vezes era dura demais na cobrança do trabalho, mas mesmo não gostando deixava pra lá e levava em consideração tanta gratidão que nutria por ela.
Com o tempo, passou a ser minha amiga, de certo modo eu acabei me imprensando na amizade que já existia entre ela e Isabella, talvez até como um adendo. O fato é que compartilhávamos idas ao shopping, almoços, risadas sem fim, falávamos besteiras e também coisas sérias. Tem coisas que fica até difícil fazer sem que bata uma saudade enorme. Sempre levava um bolinho pra gente, um lanchinho, biscoitos (eu dizia até que ela já estava com cara de waffer de morango). E a banana...nossa, vai ser difícil não lembrar do seu risinho ao me ver comendo banana com biscoito maisena....kkkkkk.
Ai, Beth...como eu queria que existissem mais pessoas como você. Lembro-me bem que era tímida de falar de sentimentos, mas eu não tinha vergonha e dizia que a amava. Lembra, Isabella, um dia antes de nossa amiga passar mal, havia dito isso. Talvez seja isso que me conforte mais, o fato de que Bethinha partiu sabendo que eu a amava pelo que ela era, como era, independente dos defeitos e contando com suas qualidades, simplesmente pessoa como eu.
Sei que Deus fica alegre com a morte dos justos, pois sabe que não perdeu aquela pessoa para o mal, antes ela estará com Ele na eternidade. Eu me confortarei nessa esperança e na certeza de que Deus, na sua onisciência, sabe o que é melhor para cada um.
No mais, Maria Elizabeth Arruda de Miranda, você em meu coração será sim insubstituível. Durma em paz e em Cristo.
Com muito amor e muita saudades.
Recife, 21/02/2014.
Lídice Domingos

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Dando as caras.

Nove meses sem escrever uma linha sequer, sem expressar o que acontecia no coração e na razão. Todavia isso não significa que deixei de sentir ou de usar a razão, apenas foi um momento em que eu vivi, olhei para dentro de mim e compreendi tantas coisas a meu respeito. Outras coisas, porém, fiquei sem entender mesmo. Mas quem precisa saber de tudo, né? Acho que saber o suficiente para o momento é bom, basta.
Então, aguardem...estou acordando e com vontade de falar para o mundo.

quinta-feira, 18 de abril de 2013


HOMEM COMO NÓS

Elias foi uma figura muito destacada na Bíblia, um profeta como poucos, já que realizou grandes feitos. Ele multiplicou o trigo e o azeite de uma viúva e posteriormente ressuscitou seu filho (1 Re 17. 8 – 24), desafiou 450 profetas de Baal e com a sua oração fez com que caísse fogo do céu e findasse uma seca (1 Re 18). Realmente um homem notável.

No entanto, em um momento Elias sentiu medo, ficou deprimido e se sentiu só (I Re 19). Isso revela que mesmo homens com grande fé estão sujeitos a fraquejar em sua caminhada, não estão isentos às sensações humanas. E não há nada de desonroso ou que os tornem menores nisso, pois esses momentos são naturais aos que são humanos. Até o próprio Deus, ao assumir a forma humana em Cristo, sentiu grande angústia, ao ponto de suar gotas de sangue (Lc. 22.44).

Nos momentos de angústia, tribulação, dificuldades, situações contrárias em nossas vidas, não devemos nos sentir menores, caso venhamos a nos angustiar, nos entristecer ou deprimir. Existirão momentos em que acharemos que tudo foi em vão, que a vida não valeu a pena. Isso é normal, faz parte de nossa humanidade após duros golpes da vida.

A única coisa que devemos entender é que, assim como aconteceu com Elias, Deus se importa conosco e quer nos tirar dessa prostração. Para tal Ele pode usar outras pessoas que nos trarão palavras de ânimos, algumas até que não gostaríamos de ouvir, mas que nos impulsionarão a saímos da caverna (do isolamento) e apontarão para novos rumos na caminhada.

Podemos sim fraquejar, só não podemos permanecer lá, pois, longa ou curta, temos uma vida para viver e outras pessoas dependem de nós. No mais, se não estamos passando por dificuldades, devemos fortalecer a quem necessita, pois esta é a dinâmica a fé: “Um ao outro ajudou e ao seu próximo disse: sê forte.” (Is. 41.6).

Que Deus nos abençoe!

Lídice Domingos

sábado, 12 de janeiro de 2013

PRÓDIGO OU FALSO MORALISTA...TODOS DESPREZAM O PAI.



 Na Bíblia, em Lucas 15:11-32, está relatada a parábola do filho pródigo. Essa parábola ouvi inúmeras vezes e de diferente forma, mas um dia ela soou em meus ouvidos de um modo diferenciado. A parábola é bastante conhecida e podemos visualizar e evidenciar certas atitudes e comportamentos de seus personagens.
O PRÓDIGO: É fato que o filho pródigo agiu de forma leviana e temerária, além de demasiadamente agressiva, posto que fazer um pedido antecipado da herança é dizer com todas as letras que gostaria de ver o pai morto (por não acontecer e não aguentar mais esperar, quer antecipar), todavia suas ações  refletem bem mais:
- Ele quis tomar o controle de sua vida, acreditando saber gerir melhor tudo sozinho;
- o seu querer viver dissolutamente diz respeito ao fato de não enxergar que as coisas são perecíveis;
- em virtude de suas escolhas chegou ao fundo do poço da existência, ao momento mais triste de sua vida. Ironicamente o mal que mais temia (viver uma vida medíocre – pois era o que achava que vivia com o pai) lhe sobreveio;
- desde o início sua vida foi recheada de insatisfação e, consequentemente, infelicidades.
Não é difícil visualizarmos esse quadro, onde um egoísmo camuflado se reflete na insatisfação com a vida e com o que se tem nela. São pessoas que se julgam autossuficientes, achando-se capazes de gerir a própria vida e que são senhores dos seus destinos e escolhas. Assim, desprezam a religião (falo do religare) evitando qualquer tipo de entrega a Deus, mesmo que tenha que vir a afirmar Sua inexistência. Contudo, a cada dia a sua humanidade os leva a más escolhas que os afundam cada vez mais, fazendo-os chegar aos lugares áridos dos quais sempre fugiram. A vida passa a ser uma constante luta, sem êxito, pela mudança interna e externa, pela solução de coisas que só em Um poderia ser encontrada a cura, a solução, a luz.

O FALSO MORALISTA: Chamo assim o filho mais velho que procurava seguir sua vida dentro de uma suposta obediência ao pai, todavia a partir e um falso senso do que é justo e bom. É fato que durante uma leitura mais apurada percebemos o seguinte:
- Uma pessoa temperamental e iracunda;
- particularmente se achava bom demais, possuidor de uma moral irrepreensível;
- tem uma facilidade para apontar o erro alheio;
- em sua vida regrada acumula a visão de servo;
- não tem misericórdia para com os outros;
- a verdadeira alegria foge-lhe dos lábios, não há em si um bom humor.
Também não seria estranha a nós essa posição. São pessoas envolvidas em uma “religião” (ponho entre aspas por fugir do que seja religare). A religiosidade os coloca em uma posição de superioridade diante dos demais, não compreende a Graça de Deus e não pratica a misericórdia com seus irmãos. No seu íntimo desejam o mal, se iram, perseguem e apontam a falha de qualquer pessoa, com o fim de se autopromoverem, indo de encontro a tudo aquilo que dizem ser. Existe um falso senso de justiça atrelado a seguir regras e fazer ações desvinculadas do amor, que dá sentido e propósito para tudo, e findam em atitudes e vidas vazias por não encontrarem dentro de si algo genuíno. Esquecem de que neste mundo não há um justo sequer e que todos nós pecamos e carecemos da Graça Divina (Romanos 3.10 e 23). Ainda, podem ser aqueles que sempre declaram que Deus esqueceu delas e nunca conseguem enxergar o carinho, a proteção e o provimento dados pelo Senhor.

O PAI: sempre age de modo amoroso e incondicional. Sempre tenta resgatar em seus filhos o real sentido de viver, procurando mostrar que ao seu lado, nos seus conselhos, poderão encontrar um norte para o caminhar que possa levá-los a caminhos eternos. Em sua vontade de refazer e reconstruir procura:
Para com o filho prodigo – Mostrar o amor incondicional que despreza a ação agressiva e mesquinha e lhe apresenta o perdão e a reconciliação, com o fim de que suas atitudes passem a ser diversas das anteriormente praticadas.
Para com o filho mais velho – Procura demonstrar que sempre o seu amor esteve para ele, mas que precisa modificar sua visão de servo (obediência às regras sem amor) para que enxergar isso, para tal lhe mostra o perdão e a misericórdia.

A história finda nesse ponto e não sabemos se após a ação paterna efetivamente os filhos mudaram as suas condutas. Talvez essa deva ser uma pergunta dirigida a nós, pois sempre podemos nos encontrar em um desses extremos ou irmos de um a outro.
Pesarosamente afirmo que qualquer desses extremo é uma negação ao Pai, seja realizada deliberadamente, na anciã de ser o seu próprio centro, seja na recusa de ser um filho, assumindo apenas uma relação institucionalizada. Sempre que nos esvaziarmos do amor recebido de Deus, nos encontraremos em situação de negação a Ele.
Importante é nos reconhecermos carecedores de dEle e nos lançarmos em Seus braços, que nos convida constantemente para o novo, só assim conseguiremos encontrar em nós a felicidade e caminhar em novidade de vida.