sábado, 12 de janeiro de 2013

PRÓDIGO OU FALSO MORALISTA...TODOS DESPREZAM O PAI.



 Na Bíblia, em Lucas 15:11-32, está relatada a parábola do filho pródigo. Essa parábola ouvi inúmeras vezes e de diferente forma, mas um dia ela soou em meus ouvidos de um modo diferenciado. A parábola é bastante conhecida e podemos visualizar e evidenciar certas atitudes e comportamentos de seus personagens.
O PRÓDIGO: É fato que o filho pródigo agiu de forma leviana e temerária, além de demasiadamente agressiva, posto que fazer um pedido antecipado da herança é dizer com todas as letras que gostaria de ver o pai morto (por não acontecer e não aguentar mais esperar, quer antecipar), todavia suas ações  refletem bem mais:
- Ele quis tomar o controle de sua vida, acreditando saber gerir melhor tudo sozinho;
- o seu querer viver dissolutamente diz respeito ao fato de não enxergar que as coisas são perecíveis;
- em virtude de suas escolhas chegou ao fundo do poço da existência, ao momento mais triste de sua vida. Ironicamente o mal que mais temia (viver uma vida medíocre – pois era o que achava que vivia com o pai) lhe sobreveio;
- desde o início sua vida foi recheada de insatisfação e, consequentemente, infelicidades.
Não é difícil visualizarmos esse quadro, onde um egoísmo camuflado se reflete na insatisfação com a vida e com o que se tem nela. São pessoas que se julgam autossuficientes, achando-se capazes de gerir a própria vida e que são senhores dos seus destinos e escolhas. Assim, desprezam a religião (falo do religare) evitando qualquer tipo de entrega a Deus, mesmo que tenha que vir a afirmar Sua inexistência. Contudo, a cada dia a sua humanidade os leva a más escolhas que os afundam cada vez mais, fazendo-os chegar aos lugares áridos dos quais sempre fugiram. A vida passa a ser uma constante luta, sem êxito, pela mudança interna e externa, pela solução de coisas que só em Um poderia ser encontrada a cura, a solução, a luz.

O FALSO MORALISTA: Chamo assim o filho mais velho que procurava seguir sua vida dentro de uma suposta obediência ao pai, todavia a partir e um falso senso do que é justo e bom. É fato que durante uma leitura mais apurada percebemos o seguinte:
- Uma pessoa temperamental e iracunda;
- particularmente se achava bom demais, possuidor de uma moral irrepreensível;
- tem uma facilidade para apontar o erro alheio;
- em sua vida regrada acumula a visão de servo;
- não tem misericórdia para com os outros;
- a verdadeira alegria foge-lhe dos lábios, não há em si um bom humor.
Também não seria estranha a nós essa posição. São pessoas envolvidas em uma “religião” (ponho entre aspas por fugir do que seja religare). A religiosidade os coloca em uma posição de superioridade diante dos demais, não compreende a Graça de Deus e não pratica a misericórdia com seus irmãos. No seu íntimo desejam o mal, se iram, perseguem e apontam a falha de qualquer pessoa, com o fim de se autopromoverem, indo de encontro a tudo aquilo que dizem ser. Existe um falso senso de justiça atrelado a seguir regras e fazer ações desvinculadas do amor, que dá sentido e propósito para tudo, e findam em atitudes e vidas vazias por não encontrarem dentro de si algo genuíno. Esquecem de que neste mundo não há um justo sequer e que todos nós pecamos e carecemos da Graça Divina (Romanos 3.10 e 23). Ainda, podem ser aqueles que sempre declaram que Deus esqueceu delas e nunca conseguem enxergar o carinho, a proteção e o provimento dados pelo Senhor.

O PAI: sempre age de modo amoroso e incondicional. Sempre tenta resgatar em seus filhos o real sentido de viver, procurando mostrar que ao seu lado, nos seus conselhos, poderão encontrar um norte para o caminhar que possa levá-los a caminhos eternos. Em sua vontade de refazer e reconstruir procura:
Para com o filho prodigo – Mostrar o amor incondicional que despreza a ação agressiva e mesquinha e lhe apresenta o perdão e a reconciliação, com o fim de que suas atitudes passem a ser diversas das anteriormente praticadas.
Para com o filho mais velho – Procura demonstrar que sempre o seu amor esteve para ele, mas que precisa modificar sua visão de servo (obediência às regras sem amor) para que enxergar isso, para tal lhe mostra o perdão e a misericórdia.

A história finda nesse ponto e não sabemos se após a ação paterna efetivamente os filhos mudaram as suas condutas. Talvez essa deva ser uma pergunta dirigida a nós, pois sempre podemos nos encontrar em um desses extremos ou irmos de um a outro.
Pesarosamente afirmo que qualquer desses extremo é uma negação ao Pai, seja realizada deliberadamente, na anciã de ser o seu próprio centro, seja na recusa de ser um filho, assumindo apenas uma relação institucionalizada. Sempre que nos esvaziarmos do amor recebido de Deus, nos encontraremos em situação de negação a Ele.
Importante é nos reconhecermos carecedores de dEle e nos lançarmos em Seus braços, que nos convida constantemente para o novo, só assim conseguiremos encontrar em nós a felicidade e caminhar em novidade de vida.

Um comentário:

  1. Precisamos ter muito cuidado para não nos comportarmos como o filho mais velho, tão "doente" quanto o mais novo, se achando "são".

    ResponderExcluir