quinta-feira, 3 de março de 2011

A esperança no caos.

Era para estar acostumada com o mundo e suas trocas de valores, mas ainda fico espantada com tanta maldade externada, derivada do coração humano que já não tem mais amor, nem pelo seu semelhante, nem por si mesmo. E tudo hoje ocorre de forma gratuita, não há mais necessidade que alguém faça algo contra o outro para que um ódio mortal possa causar destruição e perseguição contra esse alguém, tampouco necessita de uma instigação financeira ou uma "tomada de dores". Hoje basta a vontade crua e desvinculada do agente, que irá efetivar suas intenções sem um alvo determinado, será pelo acaso e azar de quem aparecer ou de quem não se for com a cara.
Por vezes, mesmo sendo uma atitude errada, acabo me desconectando do mundo para evitar que chegue a mim uma enxurrada de informações sobre a degradação humana, agravada pelo sensacionalismo da mídia. Já concordando com o que teoriza Émile Durkheim, estamos vivendo o estado de anomia social, completo caos,  derivado da deficiência ou ausência de normas, valores e limites que proporcionam a consciência coletiva para se viver em sociedade (Considerado um dos pais da sociologia moderna  - um pouco de sua história pode ser visto em: http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89mile_Durkheim e http://www.culturabrasil.pro.br/durkheim.htm). Importante esclarecer que não falo aqui apenas da violência física e sim de todo tipo de violência e degradação humana, que tiram seu fundamento na origem do mal: o egoísmo.
No entanto, muitas coisas acontecem ao nosso redor e nos dão a esperança de que ainda há algo bom no ser humano, que ainda existem forças contrárias à correnteza. Isso eu pude visualizar claramente quando fui ao cinema, nesta semana. Embora possa parecer estranho, o filme sobre Bruna Surfistinha retrata algo bem esperançoso sobre a reviravolta que o homem pode dar em sua vida caótica - não posso deixar de relatar que foi deplorável ver que muitos estavam assistindo um filme dessa natureza como se fosse comédia, rindo de situações extremamente tensas e pesadas. Independente do filme ter sido bom ou não (aqui não quero fazer críticas), só o conhecimento da história dessa mulher traz aos corações sensíveis a esperança de que tudo pode vir a ser diferente. Ocorre que uma mulher envolvida na prostituição e nas drogas decidiu mudar sua realidade. É bem verdade que ninguém consegue fazer essas mudanças sozinho, porém só depende do ser degradado a vontade, o querer mudar.
 Onde quero chegar com isso? Talvez no simples encorajamento a não permanecermos inertes em mudar coisas nas nossas vidas que nos aprisionam na mediocridade. Talvez no olhar esperançoso de que, começando em coisas de nossa rotina, cheguemos a mudar a perspectiva da vida em sociedade. Ou, ainda, desmistificar a concepção de ser impossível a existência de um mundo novo e melhor pra se viver. Se iremos conseguir essas coisas, não sei, pois depende da vontade de muitos, contudo não custa tentar e alguém tem que tentar.

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